-Oh!! tinha toda uma vida pela frente
- Era tão jovem...
- Sinto muito..
Essas eram as frases que mais se ouvia naquela sala, onde o velório acontecia.
Fazia-se uma retrospectiva de todos os momentos vividos, alegrias, tristezas, brigas, reconciliações, palavras ditas. Tudo estava sendo relembrado e as lágrimas rolavam.
Uma voz murmurou:
- Talvez pudesse ter sido feito mais alguma coisa!
Todos se calaram, se comunicavam apenas com olhares, eles pensavam a mesma coisa só não tinham coragem de falar.
Chegou o momento mais doloroso, uma multidão partia seguindo aquele velório, algumas pessoas saiam de suas casas e observava a marcha fúnebre e se comoviam com a minha dor. Não era hora de se culpar, talvez nada pudesse mudar aquela situação, foi acontecendo aos poucos, perdendo as forças, lutando para sobreviver, porém aquele golpe foi muito duro, não tinha como se salvar, foi certeiro, cruel! E ele não resistiu.
Quando chegou no cemitério a cova já estava pronta, então o caixão foi descendo, descendo, bem devagar
a última cena, último contato, talvez a última lágrima. Jogaram terra, e em poucos minutos já estava totalmente coberto.
Todos foram embora e eu fiquei ali observando, deixei uma rosa vermelha em cima da tumba, confesso que chorei, foi a primeira vez que tinha ido ao funeral, nunca havia sentido aquilo antes, provavelmente irei em outros, mas esse doeu tanto. Começou a chover era inverno, não poderia ficar mais ali me torturando, então eu disse:
- DESCANSE EM PAZ!
dei as costas e partir, sem querer voltar aquele lugar.
Mas toda vez que passo por perto daquela rua, não tem como, não lembrar dele.